domingo, 15 de fevereiro de 2009

a bolsa

na bolsa
um poema
do poeta
das mil faces

pessoapossuído
conclui ao possuir
o poço mais profundo

cai pelo mundo

desesperado
es-cre-ve
atormentado
torturado
indagado

ó espírito

fus-ti-ga-do.

vive!

na bolsa
no bolso
no pulso
no impulso

pessoa possuído
jamais será

esquecido.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

um lugar

e

quando
tudo fica embaraçado
sinto aquele lugar
harmônico
onde tudo se aquieta
e
o mundo fica perfeito
esse lugar é dentro
do teu peito
onde a pureza
de amar
ainda cultiva
as raízes
de um pleito
...
sen
ti
men
tal

quinta-feira, 29 de maio de 2008

saltimbanco

fragmentos da arte das cores
embaladas ao ritmo do samba e rock n' roll
misturam-se a este despojado carnaval latino-europeu
que sobrevive em meio a ruas e ruelas
nada parecidas com a lira de orfeu.

domingo, 4 de maio de 2008


Ana C. disse: "Seu sossego segue satisfeito, mas uma pergunta permanece presente..."

Fiquei pensando nessa frase e em seguida pensei em Camille Claudel.
Conheço pouco da história de Camille, mas o pouco que sei já me fascina e intriga o suficiente.
Nascida na França em 8 de dezembro de 1864, Camille tinha um talento: a escultura.
Na infância, produziu esculturas com ossos muito habilidosas e encantou seu pai que resolveu investir em sua carreira. A mãe desde o começo se opõe, reagindo de várias formas contra os investimentos do pai e contra as pretensões da escultora, dizendo que seus "caprichos" traziam muitos prejuízos.
Aos 17 anos, Camille parte para Paris e ingressa em uma academia, a Colarossi. Seu primeiro mestre foi Alfred Boucher e o segundo (e grande amor) foi Auguste Rodin.
Abandona sua família em decorrência do amor que sente por Auguste e sendo sua assistente por anos, sustenta suas próprias criações.
O curioso é que a obra artística de ambos são parecidíssimas, gerando dúvidas se um copiou do outro ou vice-versa.
Rodin (como em muitos e muitos casos) enrola Camille e não toma a iniciativa de deixar sua companheira de anos, Rose Beuret. E além desse impasse na vida da escultora, algumas pessoas da época, afirmam que suas obras são executadas por seu mestre, tamanha a semelhança.
Aos poucos, vai distanciando-se e sente-se sozinha e desorientada. A separação definitiva ocorre por volta de 1898 e Camille nutre por Rodin uma espécie de amor-ódio que a leva a uma profunda paranóia.
Muda-se para o número 19 do quai Bourbon e dá continuidade à sua obra artística recebendo o apoio de críticos, mas nem por isso Camille sente-se segura e satisfeita e entra em inúmeras crises alucinantes, crendo que Rodin apodera-se de suas obras para expô-las como suas.
Também passa a desconfiar de tudo e todos, tornando-se assim uma pessoa abatida e fraca por falta de alimentação.
Em 1913, Camille é internada em um hospício onde passa 3 décadas, vindo a falecer em 1943.

Voltando à Ana C. e sua frase, agora penso em Rodin que conquistou uma grande fama em vida, tendo alcançado grande sucesso no mercado de arte europeu e americano. Camille internada durante 30 anos em um sanatório e Rodin desfrutando da fama... you believe in love baby?!

Deixo aqui uma frase dessa grande mulher, encontrada em uma placa na sua moradia do quai Bourbon e anotada por Caio F. Abreu: "Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta".

segunda-feira, 21 de abril de 2008


Caio Fernando Abreu

meu amargo doce preferido
meu querido ferido e fera
ferrada

grande alma feroz e esfarrapada
que traduz minha alma penada

amado poeta me guiando
nessa estrada
celeste e amaldiçoada.

(D. B.)